terça-feira, 18 de maio de 2010

um email que recebi sobre o Cazuza..

Psicóloga x Cazuza


Uma psicóloga que assistiu o filme Cazuza escreveu o seguinte texto:
‘Fui ver o filme Cazuza há alguns dias e me deparei com uma coisa estarrecedora . As pessoas estão cultivando ídolos errados.

Como podemos cultivar um ídolo como Cazuza? Concordo que suas letras são muito tocantes, mas reverenciar um marginal como ele, é, no mínimo, inadmissível.
Marginal, sim, pois Cazuza foi uma pessoa que viveu à margem da sociedade, pelo menos uma sociedade que tentamos construir (ao menos eu) com conceitos de certo e errado.

No filme, vi um rapaz mimado, filhinho de papai que nunca precisou trabalhar para conseguir nada, já tinha tudo nas mãos. A mãe vivia para satisfazer as suas vontades e loucuras. O pai preferiu se afastar das suas responsabilidades e deixou a vida correr solta.


Eduque-os e mais tarde eles verão que você foi a pessoa que mais os amou e foi, é, e sempre será, o seu melhor amigo, pois amigo não diz SIM sempre.’



Resposta por Roger Lemos


Muito delicado esse assunto!
Concordo com a psicóloga quando ela diz que as pessoas não devem ter Cazuza como ídolo pelo seu estilo
de vida. Sim, ela está certa, ele não foi exemplo para ninguém, usou drogas, participou de bacanais, ou seja, desafiou tudo aquilo que a “sociedade” nos molda a fazer.
Mas não concordo quando tapamos os olhos e vemos apenas o lado sombrio da história. Cazuza nos deixou o exemplo, que nem todos conseguem decodificar, de liberdade, personalidade e igualdade. Para ele não tinha homem ou mulher, preto ou branco. Acho que
as atitudes erradas dele devem servir como parâmetro para educarmos nossos filhos de modo contrário ao que ele foi.
Cazuza tinha como tema principal das suas canções O AMOR. Ou será que eu estou mentindo? As drogas, com certeza são o mal do século, falo como alguém que já usou, já conviveu e conhece os dois lados da moeda. Mas nós temos a péssima mania de ver as coisas da vida primeiramente pelo lado mal. Ora, não basta ir longe. Quantos escritores, poetas e dramaturgos que estamos estudando e que vamos estudar eram conhecidos pela sua fama polígama, homossexual e anarquista? E nem por isso deixaram de influenciar gerações.
Quero deixar claro que sou totalmente contra as drogas, mas sou coerentemente a favor do LIVRE ARBÍTRIO.
Um equívoco que notei, foi quando ela fala que Cazuza só gravou porque seu pai era dono de gravadora.
O pai de Cazuza nunca deu valor às músicas do filho, precisou Caetano Veloso tocar uma música dele em um show para ele ter conhecimento de que o compositor daquela canção era Cazuza. Então, essa afirmativa é errônea. Até no filme tem esse trecho.
Uma coisa que não concordo também é tomarmos por base e iniciarmos um “movimento” como essa psicóloga faz, por meio de livros e filmes. Desculpa, mas não temos o direito de julgarmos o interior de qualquer que seja o cidadão por biografias de terceiros, mesmo que seja a mãe dele. No nosso interior há muito mais conflitos que alguém possa imaginar. E me admira muito uma psicóloga julgar assim. Quem prova que a morte de Cazuza foi a educação dos pais?
Pode até ser, mas é perigoso afirmar as coisas com tanta propriedade assim.

“Marginal, sim, pois Cazuza foi uma pessoa que viveu à margem da sociedade, pelo menos uma sociedade que tentamos construir (ao menos eu) com conceitos de certo e errado.”

A parte em vermelho que eu grifei na célebre citação acima prova o quão prepotente foi essa declaração, principalmente quando abre parênteses para dizer (ao menos eu). Pára, isso é o cúmulo da saga do beija-flor com aquele papo furado de que pelo menos a parte dele estava sendo feita para apagar o incêndio da floresta. Isso sim é o mal da humanidade. A falta de coletividade, a consciência limpa por atos individuais é que tá levando a nossa Era pro buraco.

Eu acredito que nada se resolve sozinho e não é dando uma de super herói que vamos garantir nosso lugar no céu. O problema não está sendo resolvido por atos isolados. Enquanto não nos despirmos dos preconceitos e dos individualismos, esse “Ao menos eu” não vai adiantar pra porra nenhuma. Será que a nobre psicóloga lembra-se de mandar um quilo de arroz para Africa ou para o nordeste todo o mês? Ou será que não seria mais viável, reunir um certo número de pessoas usando o poder de persuasão que ela estudou para ter, para mobilizar um movimento que arrecade uma quantidade significativa.
Tenho uma banda chamada “Estado Etílico” que dá margem para sermos julgados como bêbados e contrários a todo esse moralismo. Bom, basta ouvir minhas músicas para desmoronar essa conclusão. E juntos com os demais músicos da cidade, fazemos periodicamente campanhas para ajudar entidades de cunhos diferentes. Não só arrecadações, e sim momentos de alegria, música, aulas de música e etc…
Isso não é “A minha parte”, isso é a parte de uma classe que luta por uma sociedade melhor. E não um ato isolado para bater no peito se preocupando mais com a sua consciência do que com o bem estar do próximo.
Citar uma propaganda de carro como exemplo para um mundo melhor foi a melhor do dia. Será que ela acha mesmo que uma agência de publicidade tá preocupada com um mundo melhor ou revisão de conceitos? Para mim rever conceitos nessa situação é eu trocar o meu Volks (Que eu não tenho!) pelo Fiat que eles estão vendendo.
Comparar Fernandinho Beira-Mar como Cazuza é no mínimo hilário.

Usuários financiam o tráfico = FATO.
Hipocrisia e falso moralismo financia a falta de informação = FATO TAMBÉM.

Até aí, ninguém tem a obrigação de julgar cometendo um mesmo erro.
Dona psicóloga, vivemos num mundo onde você provou que estamos olhando para o próprio umbigo ou no máximo para o de nossas família, portanto, se não quer que seus filhos vejam, simples: Não alugue o filme, ou os instrua a ter personalidade e discernimento para saber o que é certo ou errado. As pessoas precisam de um espelho, e se não tiver dentro de casa, com certeza vão achá-lo fora. Portanto, ao invês de propor essa idéia absurda de out-door em praça pública, os eduque, pois como psicóloga
você tem formação acima da média para isso.

Mas diante de tudo isso, sou obrigado a concordar que o NÃO por vezes é a palavra mais adequada do nosso limitado vocabulário. Mas o NÃO em sua entonação amistosa, explicativa, didática e não o NÃO imposto, imperativo. Isso me lembra ditadura. Ou pelo menos a vaga lembrança de entes que sofreram com ela.

Tudo isso pra dizer que Cazuza me influencia sim, assim como Kurt Cobain, Eric Clapton, Steve Ray Vaughan, Elis Regina, Renato Russo, e uma infinidade de drogados. Mas que deixam até hoje em suas canções o amor como tema principal a ser lembrado. Ou vão dizer que frases como: “Eu prometi teu nome por amor, em um codinome Beija-flor” não comovem?

Bom, quero deixar claro que essa é a MINHA OPINIÃO.
E gostaria muito que TODOS se manisfestassem, pelo menos da nossa classe de Letras.

“MEUS HERÓIS MORRERAM DE OVERDOSE, E MEUS INIMIGOS ESTÃO NO PODER”

Abraço a todos
Roger Lemos

Um comentário:

  1. Vc não precisa fazer o q ele faz(ou fez)... Basta olhar a música. Pensa somente em suas canções, isso é q importa.

    (Valeu pelo comentário no blog...To seguindo tb...Nossa, como vc é bonita...)

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